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kulmen
16 janvier 2006

DR. BORGES...

O que os últimos anos têm mostrado é que os governos não têm tido grande capacidade de pôr em prática mudanças profundas. Primeiro, cada vez o Primeiro Ministro tem mais dificuldade em encontrar gente de grande qualidade para formar governo. Depois, cada governo que aparece fica rapidamente na dependência dos interesses partidários, económicos, autárquicos ou, em geral, corporativos, que tanto peso têm.

É aqui que entra o papel do Presidente da República. Porque está acima dos partidos, não precisa de acolher as suas exigências.

Porque tem legitimidade soberana própria, pode chamar à pedra os outros poderes e exigir-lhes eficácia e integridade. Porque é o presidente de todos os portugueses, pode ter um papel decisivo na afirmação de valores, na pedagogia da actuação, na cultura de exigência de que Portugal tanto precisa. Um bom governo encontrará num bom presidente o seu maior aliado. Um bom juiz saberá que um bom presidente o apoiará quando for preciso demonstrar verdadeira independência. E um bom empresário voltará talvez a acreditar que vale a pena apostar no seu país, se um bom presidente fizer a apologia da racionalidade económica, da meritocracia, e da sã concorrência.

Não há nada de endémico ou incontornável na crise portuguesa, nada que não possa ser resolvido ou ultrapassado. Mas para isso é necessário o empenhamento de todos e a ultrapassagem de muitos bloqueios que se reforçam mutuamente. O Presidente da República, pelo seu papel ímpar no sistema constitucional português, pode e deve ser o grande motor desse processo de mudança que implica o reforço da capacidade de actuação dos outros órgãos de soberania e a mobilização vigorosa da sociedade civil.

Santa ingenuidade ou sinistra preversidade?

1 - A alternativa ingénua - só quero ser esclarecido:

     a) Ao que parece, o dr. Borges acha  que os  governos não tem realizado reformas profundas por dificuldade na contratação de ministros e porque caem rapidamente na mão dos vários grupos de pressão. "Entra" então o presidente da república que - por ser apartidário - "não precisa de acolher as suas exigências". Fala óbviamente dos partidos - então e o resto? O recrutamento dos ministros e os outros grupos de pressão desapareceram? 

     b) Um Presidente mestre-escola que "chama à pedra" ? E não puxa as orelhas?

     c)"Um bom governo", "um bom juiz", "um bom empresário", "um bom presidente". E como define o          "bom"??? Não faz qualquer presidente  "a apologia da racionalidade económica, da meritocracia e da sã concorrência"? Será que HÁ UM  presidente que faz mágica? Qual a poção milagrosa? Será o "grande motor"?

2 - A alternativa preversa e conspirativa: Se elegerem Cavaco, e se este constatar que o Governo não governa como ele - do "alto do seu papel ímpar no sistema constitucional português" - entende, ou que PS e PSD não se entendem, pode fazer uma de duas coisas:

      a) Limpar os partidos dos partidocratas que põem os partidos acima da Pátria (como o Presidente do seu ímpar lugar entende) e substituír a "canalha" por impolutos e isentos tecnocratas apartidários, que refundarão o que fôr preciso, começando pela revisão da Constituição. racionalização do Estado Social etc. INSTALA-SE A INSTABILIDADE SOCIAL E OS EMPRESÁRIOS VÊEM PEDIR A RESIGNAÇÃO DO PRESIDENTE, PERANTE AS AMEAÇAS DO CAOS SOCIAL E AS PRESSÕES DE BRUXELAS.

       b) Denunciar a impotência operacional do Governo ("incapaz de dialogar e de governar com sensibilidade social" justificaria o Presidente), convocar eleições antecipadas e garantir a vitória duma nova AD entretanto domesticada para servir os desígnios patrióticos do Supremo Magistrado da Nação. SURPREENDENTEMENTE, A AD É DERROTADA NAS URNAS PERANTE UM PAÍS DECEPCIONADO E FURIOSO COM UM PRESIDENTE QUE OS ENGANOU. O PRESIDENTE RESIGNA.

MORAL DA HISTORIA:  o CENÁRIO 2 É FICÇÃO: CAVACO SERIA INCAPAZ DESSAS MALDADES, POR MUITO QUE UMA BOA PARTE DOS SEUS APOIANTES QUISESSEM. FICA O CENÁRIO 1 COMO POSSÍVEL E ALTAMENTE PROVÁVEL. E, SE ASSIM FOSSE, ESTOU A VER O BOM POVO PORTUGUÊS RÁPIDAMENTE EX-CAVAQUISTA COMENTANDO Á BOCA CHEIA: "ESTE AFINAL AINDA É PIOR! AO MENOS OS OUTROS ERAM SIMPÁTICOS!"

DR. BORGES: Não seja ingénuo. Olhe que se enganou no candidato.

    

                                                                                                   

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